“Quando meu pai morreu de febre hemorrágica argentina, eu era muito jovem. Tinha seis anos. Para toda a família foi um golpe muito duro. Naquela época não existia vacina”, recorda Juan Sarasola, prefeito do município de Casilda, na província argentina de Santa Fé. “Graças ao doutor [Julio] Maiztegui e sua equipe, e a essa epopeia histórica, a vacina foi obtida e milhares de vidas foram salvas em toda a nossa região, na zona endêmica”, afirma.
Mas este ano, exatamente quando se completam 40 anos do início do desenvolvimento dessa vacina, sua produção foi interrompida na Argentina porque a inflação e a constante depreciação da moeda impedem a substituição de três aparelhos danificados, estimados em 267.000 dólares (cerca de 1,1 bilhão de reais): um resfriador de líquidos, um equipamento de ensaio de esterilidade e um contador de partículas.
Hoje restam no país apenas 140.000 doses, insuficientes para cobrir a demanda do ano que vem. Essa vacina é a única no mundo contra a doença, que, embora seja exclusiva de uma zona da Argentina, significa um risco para cinco milhões de pessoas. Desde 2007 a vacinação é obrigatória para maiores de 15 anos que residam, trabalhem ou transitem pela área endêmica ou em localidades próximas.